sábado, 15 de abril de 2017

Comunicar em público

Comunicar em público é, e digo-o com toda a convicção, um dos maiores desafios que qualquer pessoa enfrenta na sua vida profissional. Seguem-se 6 dicas úteis que o ajudarão a ser um comunicador de excelência, sempre que pisar um palco.

DICA 1

PREPARE-SE BEM
Tal como os grandes atletas se preparam para uma prova de alta competição, os grandes comunicadores preparam-se muito bem quando têm a missão de falar em público. E porquê? Porque sabem que uma boa preparação lhes traz segurança a si e à audiência.
Qualquer pessoa que assiste a uma comunicação gosta de sentir que o orador está bem preparado. E é uma questão de honra, também, pois ninguém quer perder tempo a ouvir um orador inseguro, pouco confiante e que tropeça no discurso.
Assim, em qualquer situação formal de comunicação – uma reunião, uma palestra, uma conferência, uma apresentação de um projeto, ideia ou produto – treine o seu discurso, de forma bem articulada, tantas vezes quantas necessárias para saber na ponta da língua o que vai dizer. Mas atenção! Não se pretende um discurso memorizado, mecânico, sem emoção. Trata-se de um “saber de cor” solto, descontraído, mas cuidado e seguro.
Registe esta primeira dica se quer projetar uma imagem credível e poderosa, sempre que pisar um palco.

DICA 2

SEJA BREVE E RELEVANTE

Um orador de excelência é aquele que consegue transmitir uma mensagem interessante e com alguma surpresa num curto período de tempo. Respeitar o tempo de quem o ouve é mais do que lhe agradar. É dar-lhe honra.
Se a sua mensagem for demasiado longa, perderá, seguramente, a sua audiência, por isso, seja breve, conciso e pouco palavroso. Acredite: consegue um maior impacto na comunicação quando fala pouco.
Outro aspeto muitíssimo importante: separe o trigo do joio, ou seja, deve selecionar a informação estritamente relevante para oferecer ao seu público e deixar de lado tudo o que é acessório: tabelas e estatísticas maçadoras, aspetos demasiado teóricos sobre o tema, etc., etc. Não é falta de rigor. É tão-somente querer ser objetivo e relevante.
Qualquer pessoa que se predispõe a ouvir um orador deseja ser inspirada e emocionada, claro, mas suplica em silêncio por não ser invadida por uma dose excessiva de informação.
“Less is more”, já ouviu dizer?

DICA 3

SEJA CLARO

A comunicação não deve ser uma corrida de obstáculos, por isso, por mais complexo que seja o tema do discurso, um orador exímio é aquele que consegue descomplicar a sua mensagem. CLAREZA é, sem dúvida, uma qualidade central de uma comunicação eficaz.
Se deseja prender a atenção da sua audiência, então deve transmitir a sua mensagem de modo a que toda a gente perceba. Mas como? Fazendo a escolha certeira das palavras, que se querem simples, comuns e reconhecidas por todos.
Quem comunica deve colocar o interesse do outro acima de tudo. Este aspeto é mesmo primordial na comunicação: comunicar bem é pensar em primeiro lugar no ouvinte.
Assim, evite o uso exibicionista de palavras complicadas e herméticas (sim, foi de propósito!), que atrasam o processamento da mensagem e desmotivam quem o ouve. Evite também utilizar terminologia técnica (ou se a utiliza, explicita-a sempre) e use estrangeirismos com conta, peso e medida.
Nunca se esqueça: as coisas interessantes podem ser ditas de forma simples. Por isso, descomplique, sempre!

DICA 4

COMUNIQUE SEM ERROS

Um bom comunicador tem uma exímia competência linguística. Comunica com uma voz segura e uma dicção perfeita, usa um vocabulário adequado a um registo linguístico formal e não comete erros gramaticais, como “quero ir de encontro às vossas expectativas”, “ele interviu”, “haviam muitas pessoas”, nem vícios de linguagem como “tipo”, “à séria”, “eu realizei que...”, entre outros barbarismos.

Sempre que falar em público, esforce-se por articular bem as palavras, eliminando as supressões típicas da oralidade: os ‘tou, p’ra, tamém, mê’mo... E a voz? Deve ser segura e assertiva, de modo a transmitir credibilidade e confiança.
Muito importante: ao longo da sua comunicação, faça pausas. As pausas e os momentos de silêncio criam impacto e são cruciais para a sua audiência poder processar a informação que vai recebendo.
Um conselho final muito útil: escolha as palavras e o registo linguístico em função do público que o vai ouvir (e por isso deve conhecê-lo previamente).
Comunica para o outro, lembra-se? É sempre isto que deve ter em mente.

DICA 5

SEJA CATIVANTE

Um orador surpreendente é aquele que cria um envolvimento emocional com o público, interagindo com perguntas, partilhando experiências, testemunhos pessoais ou até mesmo acrescentando um apontamento de humor.
Já ouviu falar do storytelling? Pois bem! A sua audiência ficará presa à cadeira sempre que contar uma história marcante ou um testemunho poderoso durante a sua comunicação. E porquê? Porque as imagens que a audiência vai criando ao ouvir as suas histórias reforçam e tornam mais colorida a sua mensagem. Quanto mais visuais forem, tanto melhor. E se forem recheadas de humor, sucesso garantido. As histórias provocam exatamente a mesma emoção que sentimos ao ver um bom filme.
Registe e comprove esta verdade: é das histórias que as pessoas se lembrarão, muito tempo depois de o ouvir.

DICA 6

MOVIMENTE-SE BEM E SORRIA

Quando tiver a missão de falar em público, não deve preocupar-se somente com as palavras, mas também com a sua linguagem corporal. Os melhores comunicadores têm uma postura “de comando” e uma linguagem corporal que reflete carisma e segurança.
Assim, tome nota dos seguintes aspetos relacionados com a comunicação não-verbal que deverá ter em conta quando pisar um palco:
  1. Mantenha uma postura correta: costas direitas e posição das mãos na linha do umbigo projetam uma imagem de autoconfiança.
  2. Movimente-se bem: movimentos e gestos moderados criam dinamismo na comunicação.
  3. Olhe o público nos olhos: o contacto visual cria envolvimento emocional com as pessoas.
  4. SORRIA. Uma boa expressividade facial e um sorriso criam empatia imediata com a audiência.

Finalmente, não se esqueça de um aspeto extremamente importante: a sua imagem.
Para se ter presença de comando em cima de um palco, a sua comunicação deve estar em perfeita consonância com a sua indumentária, que pode não ser demasiado formal, mas deve projetar uma imagem credível e profissional. E são estes aspetos no seu conjunto que lhe conferem credibilidade.
Sabia que, quando subimos a um palco, antes de abrirmos a boca já fomos avaliados pela nossa imagem, de alto a baixo? E, segundo os especialistas, são necessários apenas 7 segundos para essa avaliação.
(...)
Reúna todas estas dicas, coloque cada uma num “post it” colorido e memorize esta máxima: é a poderosa simbiose palavra/imagem que fará com que, sempre que pisar um palco, se torne um orador de excelência e inesquecível.
E agora? É só treinar e treinar e treinar. Na hora da verdade, suba as escadas devagar e respire fundo. O palco é seu.
In Visão (texto adaptado)

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