sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Uma falta de higiene e uma vergonha


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«Tenho saudades de uma pessoa. É a segunda pessoa do plural. Em Lisboa, como sabeis, fora do púlpito praticamente ninguém a usa. Se calhar, tem um sabor antigo – e vós desejais ser modernos. Ou então soa a beatice – e vós ambicionais ser marotos. Seja por que razão for, a segunda pessoa do plural foi substituída por uma formulação meio esquisita. Em vez de “vós falais”, dizeis “vocês falam”. (Eu também digo, mas estou a conter-me para efeitos de comédia.) Ora, “falam” é a terceira pessoa do plural e, por isso, “vocês falam” constitui uma mixórdia linguística. A forma verbal que usamos para “eles”, aplicamos a “vós”. Na verdade, a “vocês” – que, ao que parece, resulta da contracção das palavras “vossas mercês”, uma expressão pelo menos tão antiquada como “vós”. Em Lisboa (e não só) dizemos, por isso, “vocês falam” e “eles falam”. Aquele “falam” passa a servir para tudo. Em inglês, a mesma forma verbal também serve para várias pessoas: I speak, you speak, we speak, they speak. É uma falta de higiene e uma vergonha. Parece uma língua inventada por crianças.»
Se quereis continuar a ler, clicai em http://visao.sapo.pt/opiniao/ricardo-araujo-pereira/2016-12-15-Ate-que-o-vos-me-doa. Tende umas boas férias – mas não vos esqueçais de ler Os Maias, para terdes boas notas no segundo período.)

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Cenário de correção do teste de compreensão do oral


V
F A informação passada pelo Ex-Comissário é subjetiva, recorrendo a linguagem valorativa.
V
F Na opinião do atual Secretário-Gerla da Organização das Nações Unidas, a capacidade de liderança só faz sentido quando posta ao serviço dos outros.
F António Guterres conclui dizendo ter apreciado estar com estes jovens porque teve a oportunidade de os ouvir e com eles discutir não só os problemas das suas comunidades, mas também questões que afligem o mundo presente.
 
Estes jovens possuem um potencial de líderes extensível a qualquer âmbito de menor ou maior responsabilidade.
Guterres seleciona três tipos de «posições» de relevância: autoridade, poder e liderança.
Segundo o Comissário, «de maneira nenhuma» estas «posições» devem gerar: orgulho, vaidade, abuso de poder.
 
Ainda sobre as «posições», Guterres afirma que estas devem beneficiar aqueles que
nos circundam e são o alvo da nossa liderança.
O autor hesita, ou deixa uma frase suspensa, porque organiza o seu discurso.
Tendo em conta o tom de voz e a cadência de ideias, podemos caracterizar o estado de
espírito de Guterres como satisfeito e calmo.
Tendo em conta a globalidade da comunicação, a sua intenção comunicativa é elogiar os voluntários e incentivar novas ações futuras.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Cenário de correção 11.ºB


Grupo I
Maria pode ser caraterizada como uma jovem culta, na medida em que conhece figuras
relevantes da política e da cultura; curiosa, pois insiste em conhecer a identidade de uma das figuras retratadas; idealista, porquanto perspetiva a pátria a partir das figuras de D. Sebastião e de Camões; mística, visto que acredita no regresso de D. Sebastião; e crente, já que evoca Deus.
 
Para Maria, as duas figuras simbolizam a grandeza de Portugal e, por conseguinte, a recusa de um presente de submissão, na medida em que D. Sebastião simboliza a esperança, pois é o rei, querido e admirado, cujo regresso haveria de conduzir Portugal à grandeza perdida. Camões, por seu turno,  simboliza o herói aventureiro, representante do ideal de poeta e guerreiro.
Os retratos de D. Manuel de Sousa Coutinho e de D. João de Portugal constituem indícios da desgraça que se abaterá sobre a família. Com efeito, quando Maria, a propósito do primeiro,  pergunta por que motivo abandonou seu pai o hábito como Cavaleiro da Ordem de Malta, causa grande consternação na mãe ; e quando, a propósito do segundo, questiona o pai acerca de D. João,  este faz-lhe ver que tal implicaria que ela nunca teria nascido.  D. Madalena encara a destruição do retrato do marido no incêndio como presságio do desenlace trágico e fica em pânico quando, ao entrar no seu palácio, à noite, apercebe o retrato de D. João de Portugal alumiado pelos candeeiros.  
Grupo II
Resposta livre

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Cenário de correção 11.ºE


Grupo I
 
O tema de conversa entre D. Maria e D. Madalena é o sebastianismo.
A perspetiva do regresso de D. Sebastião acarretaria consequências muito diferentes consoante as personagens. Para Telmo, que reage normalmente (“(…) tirando aqui o meu bom velho Telmo (…)”), tal significaria voltar a ver aquele que considera o seu verdadeiro amo.  Já para D. Manuel de Sousa Coutinho (que demonstra aborrecimento e fica pensativo) e para D. Madalena (que se aflige e chora), tal implicaria a anulação do casamento, tendo como consequências a ilegitimidade de Maria e a desonra da família.
Os indícios de que a peça virá a adquirir um caráter trágico residem na inquietação que D. Madalena e D. Manuel demonstram quando Maria se refere a um hipotético regresso de Alcácer-Quibir. Com efeito, a vinda de D. João de Portugal vai causar a tragédia. O desfecho é ainda entrevisto nos sintomas da doença de Maria, patentes na intervenção de Telmo.
Maria é uma jovem precoce, viva, inteligente e patriótica, como comprovam as suas afirmações relativas ao regresso de D. Sebastião. O facto de se dar conta do desconforto dos pais quando aborda essa temática demonstra que é muito intuitiva, e o facto de prometer evitá-la revela amor filial (“(…)não quero mais falar, nem ouvir falar de tal batalha, nem de tais histórias, nem de coisa nenhuma dessas.”).
D. Madalena é emotiva e pouco racional, pois crê em agouros e receia o regresso de D. João de Portugal, como revela a descrição de Maria (“(…) ela aí está a chorar…”). No entanto, por amor à filha, finge-se racional e evoca os argumentos de outras personagens (“Pois não tens ouvido a teu tio Frei Jorge e a teu tio Lopo de Sousa contar tantas vezes como aquilo foi? O povo, coitado, imagina essas quimeras para se consolar na desgraça.”) – nos quais, verdadeiramente, não crê.
Tendo em conta as suas atitudes neste excerto, Telmo é leal, pois quando se apercebe de que a sua crença no regresso de D. Sebastião é nocivo para Maria, promete que deixará de aludir a esta questão (“E é assim: não se fala mais nisso.”). A sua veneração pela jovem nota-se no à parte (“Que febre que ela tem hoje, meu Deus!”)
(N.B.: tal como é indicado na questão, bastam duas caraterísticas para cada personagem, desde que apoiadas em passagens textuais)
 
Grupo II
Resposta livre

Cenário de correção 11.ºD




Grupo I

A atuação de Manuel de Sousa Coutinho revela um homem firme, decidido (“(…)e nós forçosamente havemos de sair antes de eles entrarem. Por isso é preciso já.” e pragmático (“Para a única parte para onde podemos ir: a casa não é minha… mas é tua, Madalena.). Além disso, D. Madalena refere-se às qualidades e ao mérito do marido (“Eles já te querem tão mal pelo mais que tu vales que eles, pelo teu saber (…)“; “(…)a superioridade do teu mérito!”) e refere as invejas que suscita (“(…) esses grandes fingem que [te] desprezam…  mas não é assim, o que eles têm é inveja!”).

 

D. Madalena tenta demover o marido de adotar uma atitude drástica (“Meu adorado esposo, não te deites a perder, não te arrebates.”), mas D. Manuel de Sousa Coutinho, movido pelo seu patriotismo, é irredutível: “(…) eles querem vir para aqui amanhã de manhã; e nós forçosamente havemos de sair antes de eles entrarem.”

 

A decisão de Manuel de Sousa Coutinho de incendiar o seu próprio palácio e de se mudar para o palácio de D. João de Portugal para não receber os governadores constitui não apenas uma atitude de revolta radical contra as autoridades de Lisboa, mas também um desafio ao destino (hybris), que culminará em catástrofe.

Grupo II

 

Resposta livre

domingo, 27 de novembro de 2016

Segundo teste de avaliação


Tópicos de conteúdo

  • Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett

Contextualização histórico-literária da obra

A dimensão patriótica e a sua expressão simbólica.

O Sebastianismo: História e ficção.

Recorte das personagens principais.

A dimensão trágica.

Linguagem, estilo e estrutura:

- caraterísticas do texto dramático;

- a estrutura da obra;

- o drama romântico: caraterísticas.

  • Discurso político

Marcas de género comuns:

Tema, informação significativa, encadeamento lógico dos tópicos tratados

Marcas de género específicas:

- caráter persuasivo, informação seletiva, capacidade de expor e argumentar (coerência e validade dos argumentos, contra-argumentos e provas), dimensão ética e social, eloquência (valor expressivo dos recursos mobilizados)

Estudar para o 2.º teste

 

etudier-student.jpg (425×204)

 

Caderno diário

Manual (páginas 344-345)

Caderno de atividades (páginas de 65 a 71, 50 e 51)

 Blogue

Metas curriculares envolvidas

Leitura

Ler e interpretar textos de diferentes géneros e graus de complexidade.

 

Identificar tema e subtemas, justificando.

 Fazer inferências, fundamentando.

Explicitar a estrutura do texto: organização interna.

 Identificar universos de referência ativados pelo texto.

Explicitar o sentido global do texto, fundamentando.

Explicitar, em textos apresentados em diversos suportes, marcas do, discurso político.

 Exprimir pontos de vista suscitados por leituras diversas, fundamentando.

Escrita

Planificar a escrita de textos.

 

Escrever textos expositivos, respeitando as marcas do género.

 

Redigir textos com coerência e correção linguística.

1. Respeitar o tema.

2. Mobilizar informação adequada ao tema.

3. Redigir um texto estruturado, que reflita uma planificação, evidenciando um bom domínio dos mecanismos de coesão textual:

 

a) texto constituído por três partes (introdução, desenvolvimento e conclusão), individualizadas e devidamente proporcionadas;

b) marcação correta de parágrafos;

c) utilização adequada de conetores.

4. Mobilizar adequadamente recursos da língua: uso correto do registo de língua, vocabulário adequado ao tema, correção na acentuação, na ortografia, na sintaxe e na pontuação.

 

Rever os textos escritos. Pautar a escrita do texto por gestos recorrentes de revisão e aperfeiçoamento, tendo em vista a qualidade do produto final.

 

Educação literária

 

Identificar temas, ideias principais, pontos de vista e universos de referência, justificando.

 Fazer inferências, fundamentando.

Analisar o ponto de vista das diferentes personagens.

Explicitar a estrutura do texto: organização interna.

Estabelecer relações de sentido:

a) entre as diversas partes constitutivas de um texto;

b) entre situações ou episódios;

c) entre características e pontos de vista das personagens;

d) entre obras.

Reconhecer e caraterizar os elementos constitutivos do texto dramático:

a) ato e cena;

b) didascália;

c) diálogo, monólogo e aparte.

 

Reconhecer e caraterizar o drama romântico quanto ao género literário.

Apreciar textos literários.

Reconhecer valores culturais, éticos e estéticos manifestados nos textos.

Valorizar uma obra enquanto objeto simbólico, no plano do imaginário individual e coletivo.

Expressar pontos de vista suscitados pelos textos lidos, fundamentando.

 

Situar obras literárias em função de grandes marcos históricos e culturais.

Reconhecer a contextualização histórico-literária da obra estudada

Comparar temas e ideias.

 

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Cenário de correção 11.ºB


1. O excerto apresentado corresponde ao capítulo V do “Sermão de Santo António”, momento da Confirmação em que orador dirige críticas particulares a alguns peixes, como os voadores.
2. O peixe voador simboliza o homem ambicioso, que não tem consciência dos limites impostos pela sua natureza e pelas suas capacidades. Para evidenciar esta caraterística, o pregador faz referência ao comportamento dos peixes voadores que, por possuírem grandes barbatanas, agem como se fossem aves e pudessem voar.
3. A inconsciência e a presunção do peixe voador fazem-no correr riscos inúteis e graves, pois, para além de poder ser vítima dos perigos do mar, é vítima das velas e das cordas dos navios, perigos do ar – “o Voador toca na vela, ou na corda, e cai palpitando” (l. 11). Assim, encontra frequentemente a morte – “Aos outros peixes mata-os a fome, e engana-os a isca; ao Voador mata-o a vaidade de voar, e a sua isca é o vento.” (ll. 12-13).
4. A apóstrofe (“Voadores”, ll. 1-2), “Voador”, ll. 6 e 18, “Peixes”, ll. 22 e 26), interpelando diretamente os peixes, recupera e mantém na lembrança os destinatários do discurso, aos quais são apontados defeitos que, por meio da alegoria, se recordam aos homens.
 5. Os dois aforismos (“Quem quer mais do que lhe convém perde o que quer e o que tem” e “Quem pode nadar e quer voar, tempo virá que não voe nem nade”) constituem máximas de vida, alertando para o facto de a ambição, o capricho e a vaidade poderem originar a desgraça, a perdição e, inclusivamente, a morte.
II
 
1. Quanto ao género, o artigo supracitado é uma apreciação crítica, porque apresenta o ponto de vista do emissor e uma linguagem valorativa.
 
2. Segundo o autor deste artigo, racismo é um preconceito baseado numa diversidade e complexidade de fatores.
 
3.No quotidiano, qualquer indivíduo pode ser vítima de atitudes racistas pontuais, mas dececionantes.
 
4. No tempo das descobertas, o racismo foi responsável pela exploração desumana e indiscriminada dos povos descobertos.
 
5. Complemento agente da passiva.
6. Nulo subentendido.
 
7.porém”.
 
8. Subordinada substantiva completiva
9. nem”
10. « aqui » (deítico espacial) ;  « devemos » (simultaneamente : deítico temporal e pessoal) ; « perdermos » (simultaneamente : deítico temporal e pessoal) ; « hoje » (deítico temporal)
 11. a. Predicativo do sujeito ; b. Complemento do nome ; c. Complemento direto