sábado, 6 de fevereiro de 2016


Distinção entre o complemento do nome e o modificador restritivo do nome

 

A resposta às ciberdúvidas pela ciberconsultora Edite Prada:

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 Pedem complemento os nomes:

A. Derivados:

1. de outro nome: «O artista [arte] de circo»

2. de adjetivos: «A beleza [belo] da Maria»

3. de verbos: «A construção [construir] do edifício»

B. Icónicos

«A imagem de Lisboa»

«O retrato de Ricardina»

C. Que designam parentesco ou amizade

«O filho do João»

«A irmã do Manuel»

«O amigo da Francisca»

D . Que regem preposição

«A mania de»

«A hipótese de»

E. Que estabelecem uma relação de:

parte-todo: «a perna da mesa»

possuidor-agente-tema: «o livro da Maria» (o seu livro); «o quadro do Douro, de Júlio Resende» (o agente é Júlio Resende; o tema é o Douro)

fonte-origem: «o vinho do Porto»

matéria: «mesa de madeira»; «camisa de seda»

Nota 1 – O complemento do nome, do ponto de vista semântico, é sempre restritivo.

Nota 2 – São muito poucos os casos em que um adjetivo pode surgir como complemento. Isso acontece, inequivocamente, apenas com nomes derivados de verbos, sendo o adjetivo derivado de um nome que, por sua vez, é argumento (complemento ou sujeito) do verbo de que deriva o nome que tem o complemento:

«Pesca baleeira» («Pescam a baleia»)

«Revolta estudantil» («Os estudantes revoltam-se»)

«Invasão indonésia» («A Indonésia invadiu»)

«Destruição romana» («Destruíram Roma»)

 

 A resposta à ciberdúvida «Que testes nos permitem ter a certeza se estamos perante um complemento do nome ou um modificador restritivo do nome?» pelo ciberconsultor Caros Rocha:

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Infelizmente não existem testes 100% seguros para fazer a distinção em apreço. (…)

Dito isto, convém dizer que podemos identificar o complemento do nome com base nas suas propriedades [cf. texto supra de Edite Prada]. Quanto a testes de identificação, nalguns estudos de sintaxe também se aceitam critérios mínimos que podem, no entanto, deparar-se com exceções (Sedrins, op.cit, pág. 43):

1. Ordem:

Um jogador de futebol do Benfica

*Um jogador de Benfica de futebol

um estudante de linguística da Universidade de Lisboa

*um estudante da Universidade de Lisboa de linguística

2. Os complementos não constituem predicação autónoma:

O João é um jogador de futebol e é do Benfica.

*O João é jogador do Benfica e é do futebol.

3. os complementos podem ser extraídos do grupo nominal a que pertencem, enquanto os modificadores não evidenciam essa possibilidade:1

Vimos a queima dos fogos?

OK De que (é que) vimos a queima?

O João comeu o bolo de chocolate.

*De que comeu o João o bolo?

1 No entanto, este teste não é operante com complementos de nomes concretos como estudante ou jogador:

Ela conhece o jogador de futebol do Benfica.

*De que conhece ela o jogador do Benfica?

 

 

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