Distinção entre o complemento do nome e o
modificador restritivo do nome
A
resposta às ciberdúvidas pela ciberconsultora Edite Prada:
Pedem complemento os
nomes:
A. Derivados:
1. de outro nome: «O artista [arte] de circo»
2. de adjetivos: «A beleza [belo] da Maria»
3. de verbos: «A construção [construir] do edifício»
B. Icónicos
«A imagem de Lisboa»
«O retrato de Ricardina»
C. Que designam parentesco ou amizade
«O filho do João»
«A irmã do Manuel»
«O amigo da Francisca»
D . Que regem preposição
«A mania de»
«A hipótese de»
E. Que estabelecem uma relação de:
parte-todo: «a perna da mesa»
possuidor-agente-tema: «o livro da Maria» (o seu
livro); «o quadro do Douro, de Júlio Resende» (o agente é Júlio Resende; o tema
é o Douro)
fonte-origem: «o vinho do Porto»
matéria: «mesa de madeira»; «camisa de seda»
Nota 1 – O complemento do nome, do ponto de vista
semântico, é sempre restritivo.
Nota 2 – São muito poucos os casos em que um
adjetivo pode surgir como complemento. Isso acontece, inequivocamente, apenas
com nomes derivados de verbos, sendo o adjetivo derivado de um nome que, por
sua vez, é argumento (complemento ou sujeito) do verbo de que deriva o nome que
tem o complemento:
«Pesca baleeira» («Pescam a baleia»)
«Revolta estudantil» («Os estudantes revoltam-se»)
«Invasão indonésia» («A Indonésia invadiu»)
«Destruição romana» («Destruíram Roma»)
A resposta à
ciberdúvida «Que
testes nos permitem ter a certeza se estamos perante um complemento do nome ou
um modificador restritivo do nome?» pelo ciberconsultor Caros
Rocha:
Infelizmente não existem testes 100% seguros para fazer a
distinção em apreço. (…)
Dito isto, convém dizer que podemos identificar o
complemento do nome com base nas suas propriedades [cf. texto supra de Edite Prada]. Quanto a testes
de identificação, nalguns estudos de sintaxe também se aceitam critérios
mínimos que podem, no entanto, deparar-se com exceções (Sedrins, op.cit, pág.
43):
1. Ordem:
Um jogador de futebol do Benfica
*Um jogador de Benfica de futebol
um estudante de linguística da Universidade de
Lisboa
*um estudante da Universidade de Lisboa de linguística
2. Os complementos não constituem predicação
autónoma:
O João é um jogador de futebol e é do Benfica.
*O João é jogador do Benfica e é do futebol.
3. os complementos podem ser extraídos do grupo
nominal a que pertencem, enquanto os modificadores não evidenciam essa
possibilidade:1
Vimos a queima dos fogos?
OK De que (é que) vimos a queima?
O João comeu o bolo de chocolate.
*De que comeu o João o bolo?
1 No entanto, este
teste não é operante com complementos de nomes concretos como estudante ou jogador:
Ela conhece o jogador de futebol do Benfica.
*De que conhece ela o jogador do Benfica?
In Texto: https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/; imagem: https://bibliblogue.files.wordpress.com, consultados em 5/2/2016.
Sem comentários:
Enviar um comentário