domingo, 31 de janeiro de 2016

Exemplo de texto expositivo

O João estava com algumas dúvidas relativamente aos textos expositivos, e pediu-me que lhe enviasse um exemplo. Como tive dificuldade em encontrar um texto que obedecesse aos critérios, nomeadamente às restrições no número de linhas, decidi escrevê-lo eu. Escolhi um tema de que gosto muito... espero que me perdoem.




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A banda desenhada franco-belga



A banda desenhada, ou nona arte, tem uma longa tradição em França e na Bélgica. O estilo dos seus autores é caraterizado como “linha clara”. Este termo, que designa um estilo preciso e rigoroso, foi cunhado em 1977.

Hergé, autor da série Tintin, foi um precursor da “linha clara”, enquanto Goscinny e Uderzo, autores de Astérix, adotaram um estilo mais caricatural. A sua influência e popularidade explicam o motivo pelo qual a banda desenhada deixou de ser associada a leituras juvenis, para ser apreciada por públicos adultos e mesmo intelectuais.

É ainda de apontar a influência de revistas (Pilote e, mais recentemente, Hara-Kiri, Métal Hurlant, À Suivre) e de editoras (Casterman, Les Humanoïdes Associés e Futuropolis) na divulgação da banda desenhada franco-belga.

 

Em suma, o estilo gráfico e as condições de produção e divulgação da banda desenhada franco-belga contribuíram para a expansão e reconhecimento da nona arte por público diferenciados. (150 palavras)




Imagem retirada em 31/1/2016, de http://2.bp.blogspot.com/


terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Estudar para o 3.º teste

Caderno diário

  • Manual
  • Caderno de atividades: páginas  13-20, 42-45; 75 (vão constatar que nas páginas 76 e 77 há exercícios já feitos) -80 (até 3.1.)  
  • Caderno de apoio ao estudo: páginas 4-6
  • "On-line": isto 

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    Imagem encontrada em http://www.blackstormx.com/

    3.º teste de avaliação


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    Educação Literária


    Ler e interpretar textos de diferentes géneros e graus de complexidade



    Apreciar textos literários


    Situar obras literárias em função de grandes marcos históricos e culturais


    • Fernão Lopes (excerto da Crónica de D. João I)
      Contexto histórico
      Afirmação da consciência coletiva
      Atores (individuais e coletivos)


    • Gil Vicente (Farsa de Inês Pereira)
      Caraterização das personagens
      Relações entre as personagens
      A representação do quotidiano
      A dimensão satírica
      Linguagem, estilo e estrutura: - caraterísticas do texto dramático;- o auto ou a farsa: natureza e estrutura da obra
       
      Recursos expressivos
       
      Escrever uma exposição (entre 120 e 150 palavras) sobre um tema respeitante às obras estudadas, seguindo tópicos fornecidos.

      Gramática
       
      Conhecer a origem e a evolução do português
       
      Identificar étimos de palavras
      Reconhecer valores semânticos de palavras considerando o respetivo étimo
       
      Explicitar aspetos essenciais da lexicologia do português
       
       Identificar arcaísmos e neologismos
      Reconhecer o campo semântico de uma palavra
      Explicitar constituintes de campos lexicais
      Relacionar a construção de campos lexicais com o tema dominante do texto e com a respetiva intencionalidade comunicativa
       
      Explicitar aspetos essenciais da sintaxe do português
      Identificar funções sintáticas (sujeito, predicado, vocativo, complemento direto, complemento indireto, complemento oblíquo, predicativo do sujeito, complemento agente da passiva, modificador, modificador do nome (restritivo e apositivo) e predicativo do complemento direto)N.B. Poderão ser surgir questões abordadas nas aulas ou em testes anteriores.
       
      Escrita
       
      Redigir textos com coerência e correção linguística
       
      1. Respeitar o tema
      2. Mobilizar informação adequada ao tema
      3. Redigir um texto estruturado, que reflita uma planificação, evidenciando um bom domínio dos mecanismos de coesão textual:
       
      a) texto constituído por três partes (introdução, desenvolvimento e conclusão), individualizadas e devidamente proporcionadas;
       
      b) marcação correta de parágrafos;
       
      c) utilização adequada de conetores.
       
      4. Mobilizar adequadamente recursos da língua: uso correto do registo de língua, vocabulário adequado ao tema, correção na acentuação, na ortografia, na sintaxe e na pontuação
       
      5. Rever e aperfeiçoar o texto escrito
       
      Tipologia textual: exposição sobre um tema
       
      Marcas de género comuns: tema, informação significativa, encadeamento lógico dos tópicos tratados
       
      Marcas de género específicas: caráter demonstrativo, elucidação evidente do tema (fundamentação das ideias), concisão e objetividade, valor expressivo das formas linguísticas (deíticos, conetores…)

    Imagem retirada de  http://cdn2.hubspot.net/, em 17/11/2015

    domingo, 24 de janeiro de 2016

    Houve ou houveram?

    A forma correta é houve.

    O verbo haver, no sentido de «existir; acontecer», é impessoal e, assim sendo, só se conjuga na terceira pessoa do singular.

    "Ter a ver" ou ter a haver"?

    As duas formas são corretas, mas têm sentidos diferentes.
    Ter a ver com, ou ter que ver com, tem o sentido de «estar relacionado com; dizer respeito a»:
        O texto tem a ver com política.

    Ter a haver quer dizer «ter a receber»: 
        O cliente tem a haver 2 euros de troco.

    Eminente ou iminente?

    • eminente adjetivo 2 géneros (= excelente)
     
    • iminente adjetivo 2 géneros (= prestes a acontecer)

    Descrição ou discrição?

    As duas formas são corretas.
    Descrição é um nome relacionado com o verbo descrever e significa «representação fiel de algo; relato»:
        Fazer uma descrição completa do acidente.
    Discrição é um nome que significa «reserva; modéstia»:
        Ninguém se apercebeu, ela fez tudo com discrição.

    Fernão Lopes por António Lobo Antunes


    Talvez que, enquanto escritor, a frase mais importante para mim, a que mais me ajudou neste ofício, tenha sido a que Herculano disse a propósito de Garrett: por meia dúzia de moedas o Garrett é capaz de todas as porcarias menos de uma frase mal escrita". Eu possuo um imenso respeito por Herculano, como homem e como prosador, como possuo um imenso respeito por Antero. A certa altura das nossas vidas a única fotografia que existia na sala dos meus pais era a sua, e parecia-me justo que, pela sua integridade como homem, e génio enquanto artista, assim fosse. Não gostava de Eça de Queiroz nem como pessoa nem como escritor

    (considerava-o um autor cómico)

    e compreendo-lhe as razões embora só parcialmente esteja de acordo com ele. Nos seus melhores momentos Eça de Queiroz era um excelente romancista, que teve o azar de viver na época dourada do romance, contemporâneo de dúzias de génios, de uma dimensão que ele, evidentemente, não tinha. Para falar só em russos, por exemplo, é muito pequeno ao lado de Gogol, Tolstoi, Turgueniev, Dostoievski(com todas as suas deficiências), Pushkin, Gontcharov, Tchekov (que não escreveu nenhum romance, aliás, mas o seu teatro, mas os seus contos) etc., não mencionando os franceses, os ingleses e por aí fora. Quem temos nós para dar em troca: Camilo e Eça, mas a que distância. Na poesia sim, seja em que época for, embora esteja convencido que a melhor poesia do século XX é polaca. Mas temos Fernão Lopes que não considero inferior a ninguém. O levantamento de Lisboa, que levou ao trono D. João I, é de um génio espantoso. Levanta uma cidade inteira, um país inteiro, um povo inteiro, só com a mão e papel. Quem mais foi capaz de fazer isto? E a nossa prosa admirável do século XVIII, D. Francisco Manuel de Melo, Matias Aires, vários outros. Os Opúsculos de Herculano, voltando ao século XIX, são obras-primas absolutas e ele, coisa rara em Portugal, sabia pensar. Em literatura saber pensar é dificílimo. Alguns dos nossos poetas medievais são estupendos, Camões, evidentemente, é único, mas Sá de Miranda, mas Bernardim? E Bocage? A Pavorosa Ilusão da Eternidade é uma coisa magnífica, que me maravilha tanto como o poema de Guilherme de Aquitânia, no século XII, que começa "Farei um poema de puro nada" e que vale por centenas de outros todos juntos. Falando ao acaso os sonetos de Miguel Ângelo são de uma perfeição absoluta, o que Leopardi escreveu também. Vagas estrelas da Ursa
    Maior, meu Deus, que maravilha, sem mencionar o trio romano cuja obra me arrepia, Virgílio, Horácio, Ovídio, puros milagres. É terrível competir com esta gente mas é necessário competir com esta gente. Estava a pôr isto e a pensar numa frase de Faulkner: "descobri que escrever é uma coisa tremendamente bela: faz-nos erguer sobre as patas de trás e projectar uma enorme sombra". Ou aquela frase aparentemente tão simples com que Manuel da Fonseca começa um dos seus livros: "Antigamente o largo era o centro do mundo". O Zé Cardoso Pires repetia sem cessar: é preciso que a gente sofra para o leitor ter prazer, e isto é tão dolorosamente verdadeiro. É preciso que a gente sofra para o leitor ter prazer, irmãozinho, que me deixaste tão órfão da tua amizade. Esta crónica parece quase as conversas que a gente tinha, assim aparentemente descosidas, ao acaso. Que a gente sofra, que a gente sofra, que a gente sofra. E o arrebatamento da poesia de DylanThomas, a surpresa de alguns trechos de Wallace Stevens? Um só verso de Victor Hugo, "a sombra é sempre negra mesmo a que cai dos cisnes", um só verso de Apollinaire: "Piedade para nós que trabalhamos na fronteira do ilimitado e do futuro", o testamento de François Villon. Cendrars, paixão da minha adolescência, a música,sem um defeito, de Verlaine? É com estes homens que temos de nos medir, são eles que temos de ultrapassar. Cervantes: "É impossível lutar contra o céu, sobretudo quando está a chover". E Rosalía? E Lorca? "Por tu amor me duele el aire el corazon y el sombrero". E Gustavo Adolfo Becquernos seus melhores momentos? e o poder evocativo único de António Nobre? Não será o Só o grande livro de toda a nossa poesia? Um ou dois sonetos de Nunes Claro, a ''tocadora de harpa" de Pessoa, nos Passos da Cruz, o - "Não é Meia Noite quem quer" de René Char, o "Branco e Vermelho" de Pessanha. E a gente no meio disto, a gente a lutar com isto. Talvez não haja nada melhor que uma gloriosa derrota porque, por muito grandes que sejamos, acabaremos sempre derrotados. Quevedo disse-o: "serei pó, mas pó apaixonado". Becket tinha razão: errar, errar melhor. Meu Deus ajuda-me a errar melhor. Goethe sustentava que é o não chegar que faz a nossa grandeza. Morrer à vista da Terra Prometida sem conseguir tocar-lhe. Se Deus, como penso, existe de facto, gostaria de acabar assim. Quase lá, a centímetros do que quereria dizer, olhando a areia em que não chego a tocar. Isso me basta: ficar a centímetros da areia em que não chego a tocar, de boca aberta, sem olhos e, no entanto, vendo.

    António Lobo Antunes, in Visão, 26 novembro 2015

    Obrigada à Maria José Carvalho, que me enviou esta crónica. Bjs 

    As Crónicas de Fernão Lopes

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    O site RTP Ensina é m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-o! Não acreditam? Cliquem em As Crónicas de Fernão Lopes e digam lá se eu não tenho razão...